segunda-feira, 1 de julho de 2013

PROGRESSO

 Nem a manhã fria nesse último domingo espantou a vontade de sair por aí... Botinas e manta rumo à Progresso, 538 metros de altitude. No alto o sol chega primeiro e ilumina várias ruas onde foram plantadas laranjeiras e laranjeiras dão laranjas! É só colher.... Disseram que o frei holandes Constantino van Ryn foi quem nomeou os vilarejos do interior de Progresso: Linha Tiririca, Linha Batovira... Tem um busto do frei bem pertinho da igreja lembrando ao povo sua importância, aliás, lembrado para nomear a Linha Constantino.
 Progresso já se chamou Gramado São Francisco... Sequer dez horas da manhã e as nuvens vindas das bandas do rio Fão baixaram na cidadezinha de pouco mais de seis mil descendentes de italianos.
Poucas casas resistiram a arquitetura contemporânea em Progresso. Uma lástima. Pouparam a escolinha que já foi prefeitura. Simone Berté, Secretária de Turismo, quer restaurar. Aliás, por sua iniciativa a caminhada em uma das belas fazendas da região, motivo pelo qual nos tocamos de Lajeado via BR 386.
Em 1912 chegaram os Battisti... Se eu fosse o Cesare, o ex- ativista italiano que está por um fio no país, buscava  refugio em Progresso. Com tantos Battisti, inclusive o Secretário de Cultura, um a mais nem seria notado.
Indo a Progresso precisa visitar a fabrica de pipas e outros artigos de madeira do tanoeiro Severino Mafassioli. Ha 50 anos trabalhando com cabriuvas, cedros e carvalhos. Diz ele que é de arvores plantadas para este fim. Então tá.
Dá vontade de encher o porta-malas... Cheiro bom de madeira dentro do galpão. Peguei o telefone: 3788-1015. Uma pipa pequena para armazenar uma cachaçinha custa 30 reais. Seu Severino é artesão e artista. É cultura popular interagindo no lugar que escolheu para viver.

Enfim, a caminhada pelas bandas da Lagoa Dutra. Grupo pequeno, mas animado.

 Logo nos embrenhamos por uma trilha no meio da mata nativa. Cheiro de folhagem úmida, muito passarinho, muita araucária, um silêncio bom de natureza. Só a quietude para acalmar os sentidos  e sentimentos contraditórios da alma de cada um.

 Durante o percurso, um riachinho de companhia.
A vida começa líquida. E não foi no segundo Dia que Deus separou o céu das águas?

Platão dizia que o ouro tem pouca utilidade se comparado à água... Seguindo a trilha molhada começaram a surgir lindos e centenários xaxins.
Um desses xaxins foi escolhido para emoldurar o clic da "foto oficial".
Mais um pouco de caminhada e uma pausa para atacar bergamotas suculentas e geladas.
No finzinho do passeio chegamos até um cenário...
...de dar inveja. Casa e ateliê da restauradora Leida Scheeren.
 A curiosidade pelo buraquinho na porta...
... e a invasão bisbilhoteira da intimidade.
Nada precisa ser dito: combo paz e harmonia.
Quase uma hora da tarde: voltamos para um almoço na Fazenda Sinuelo da Amizade. No primeiro fim de semana de março acontece seu tradicional rodeio. Esse ano de número 54. O próximo não perco.
Dentro, o calor da laleira e um comidão esperavam a gente.
Seu Getulio, 74 anos e muito causo pra contar, é o atual Secretário de Obras de Progresso. A Fazenda Sinuelo começou com seu pai. Lembrá-lo, o emociona. Taí uma boa fonte histórica para a cidade.
Depois do almoço botamos o pé na estrada em tempo de cozinhar o pinhão para assistir Brasil X Espanha.
A colheita da laranja ficou para outro dia.
Sim... Domingos assim libertam.

Um comentário:

  1. Magnífico relato do que vimos e fizemos na outrora tão bela vila de Progresso, reduto de bravos italianos. Hoje, o que chamam de cidade não lembra em quase nada o vilarejo pitoresco recheado de arquitetura de arte. Apesar disso, o ar que se respira ainda é puro, e o interior é permeado de espetáculos naturais ainda originais, e o clima de montanha enaltece. O passeio foi uma volta ao que esse sofrido planeta ainda tem de original.

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